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CARNAVAL 2013 NOS BASTIDORES DOS PRAÇAS
CARNAVAL 2013 NOS BASTIDORES DOS PRAÇAS

CARNAVAL 2013 NOS BASTIDORES DOS PRAÇAS DA POLICIA MILITAR

Inicia o ano e há tempos os foliões já estão se preparando para o carnaval. Pagamento antecipado de blocos e camarotes no intuito de curtir mais um carnaval.

Infelizmente, o Estado só pensa nesses foliões e esquecem aqueles que realmente irão permitir que a festa aconteça com segurança. São várias profissões de suma importância, entre elas, o gari que limpa a cidade e a polícia que limpa a sujeira do Estado, digo, mantem a tranquilidade pública, ou seja, a sensação de segurança.

Não sei o que se passa pela LIMPURB com seus guerreiros da limpeza, mas posso imaginar que devem sofrer com tanto trabalho e ganhar uma diária mínima de carnaval.

E na Polícia Militar? Pela bela festa que é o carnaval, devem passar muito bem. Engano!

Pelo tratamento que recebem, até que esses praças “cumprem à risca” (frase de um capitão no carnaval que logo mais vocês verão) o estatuto:

Art. 41 - Os deveres policiais militares emanam de um conjunto de vínculos morais e racionais, que ligam o policial militar à pátria, à Instituição e à segurança da sociedade e do ser humano, e compreendem, essencialmente:

I - a dedicação integral ao serviço policial militar e a fidelidade à Instituição a que pertence;

Porém essa polícia que fantasia tanto o respeito, não cansa de rasgar a dignidade dos seus funcionários. Olha o que o Estatuto diz em seu artigo 39:

Art. 39 - O sentimento do dever, a dignidade policial militar e o decoro da classe impõem a cada um dos integrantes da Polícia Militar conduta moral e profissional irrepreensíveis, tanto durante o serviço quanto fora dele, com observância dos seguintes preceitos da ética policial militar:

III - respeitar a dignidade da pessoa humana;

XVI - zelar pelo bom conceito da Polícia Militar;

 

Eles respeitam muito, basta verificar as estatísticas de atendimento dos policias em todo tipo de ocorrência, desde os atendimentos sociais até os crimes mais violentos, mas é uma pena que nossos jornalistas só dão ênfase aos atos de criminalidade praticados pela minoria. Apesar de todo esse respeito, é uma pena que os policiais não são respeitados. Se expuser os motivos ficarei a minha preciosa vidinha inteirinha e com os dedos cheios de calos, pois, há injustiças sofridas tanto contra “o praça” novinho quanto ao antigo.

 

E a reciprocidade desse respeito existe? No campo da psicologia social, a reciprocidade é responder uma ação positiva com outra ação positiva, cuja explicação ajuda na manutenção das normas sociais. Mas, infelizmente essa reciprocidade não existe.

Realmente, a cobrança é muita, mas estrutura para manter é a mínima possível.

Mais um ano de carnaval e mais um ano de mazelas para os praças: diárias com valores baixos, tickets pagos em desacordo com o trabalhado, alojamentos inapropriado para a preparação do trabalho e alimentação inadequada com data de validade vencida, além de outros problemas que os milhares de policias militares têm, tiveram e terá, até um dia, esperamos!!!

Trabalhar 24 horas noturnas por R$ 348,48 e 36 horas diurnas por R$ 432,72, totalizando R$ 781,20 não é fácil. Dividindo os seus respectivos valores, a hora noturna fica por R$ 14,52 e da hora diurna por R$ 12,02. Calma...essa é a hora do soldado, que não é tão diferente do cabo e do sargento. Porém, nem todos são praças, né? Fazer um carnaval pagando esse valor por hora em um trabalho estressante fica fácil, né? Quem está no calor da festa, sujeito a responder por tudo que possa acontecer no circuito do carnaval é “o praça”. Gerenciar da sala com ar condicionado é fácil, quero ver ficar no meio da multidão debaixo da chuva, sol e confusão, concluindo o serviço sem alterações. Vale ressaltar que os postos de Oficiais na corporação recebem, no mínimo três vezes mais que isso para administrar...que Administração, viu?!

Outro ponto a ser analisado é a quantidade de ticket alimentação fornecida pela polícia. Prepare-se que vai uma questão de matemática, viu? Vá pedir ajuda aos universitários, porque com os administradores da polícia militar vai ficar difícil acertar. Se trabalho 8 horas e recebo 1(um) ticket no valor de R$ 10,00, trabalhando 60 horas, quantos tickets devo receber? 5? Essa foi a resposta da PM - ERRADA. E você, acertou? Se disse, no mínimo 7 (sete), concordo contigo. Não sei para onde foi os 2 (dois) restante, mas a população e eu, que faço parte dela queria saber ou entender esse cálculo feito pela Polícia Militar.

As condições de trabalho são desumanas. Do jeito que a sociedade está não dá pra ir ao trabalho fardado, por isso, a maioria que fazem a mudança de roupa no local são tratados como se morasse na rua e tivesse que arranjar qualquer lugar “no cantinho” para se vestir. Espaço reservado para a PM? O pior que tiver, pois eles se sujeitam a qualquer “esmola” mesmo. Infelizmente é o que se percebe com algumas atitudes e acatamentos dos administradores da Corporação.

Para quem não sabe, o governo disponibiliza ao turista nacional ou estrangeiro o serviço de escolta de turistas, ou seja, ficam viaturas disponibilizadas no aeroporto para acompanha-los ao centro, aos hotéis da linha verde ou ao circuito do carnaval. Enquanto o vandalismo está depredando ônibus fora do circuito, ladrões roubando transeuntes e ônibus, entre outros. Assim, a Policia coloca 4 (quatro) homens bem armados para escoltar turistas do aeroporto para os hotéis e dos hotéis para o circuito do carnaval. Mas isso é outra discussão, vamos aos policiais: Alguns trabalham em turno de 12 horas e outros de 24 horas. Sabe-se que todo trabalhador tem direito a descanso durante a jornada de trabalho, mas a polícia não respeita isso e quando tentam acertar, continuam errando. Durante uma jornada de 24 horas, os policiais ficam próximo ao estacionamento dentro da viatura “fardadão” com todo esse calor até a agência de turismo informar as horas das escoltas para a PM executar. Alojamento para descanso, até que teve: No ano 2012, os policiais colocaram papelões no chão de uma sala disponibilizada para deitar e aguardar o horário das escoltas. Em 2013, a administração do aeroporto disponibilizou o auditório, porém, ao adentrar no recinto, parecia que estava na porta de um abatedouro com aquele aroma de galinha molhada, que logo prendemos a respiração e adiantamos os passos para não inalar novamente. Ao ser perguntado ao oficial o motivo pelo qual somente disponibilizaram aquele espaço degradante e fedorento, notou-se que ele sabia da humilhação, mas logo manteve sua posição de oficial comandante e disse: “Todo ano é assim, infelizmente as condições são impróprias, mas vamos cumprir à risca esse trabalho que o carnaval vai acabar logo”. Um absurdo poder aceitar essas condições e manter os trabalhos como se nada tivesse acontecido. Administradores que se respeitam exigiria um local adequado e arejado, sob pena de suspender as tarefas, independente do que venha ocorrer, afinal, a razão estaria do seu lado.

E a cena de policiais militares carregando colchões mal conservados, ou seja, rasgados e cheio de buraco, pelo saguão do aeroporto na tentativa de encontrar algum espaço para descansar? Que comédia, viu?

Será que uma Instituição que se respeita aceita isso? Se fosse uma Instituição privada ou qualquer outra pública, a administração do aeroporto conseguiria uma acomodação melhor? Se os comandantes tivessem postura de zelo pela Polícia Militar aconteceria isso?

No que se refere à alimentação, parece que, se houve nutricionistas na compra do lanche, ele aprendeu nada na faculdade. Para as 8 horas de trabalho o policial militar tem direito a lanchar 1 suco de caixinha “quente”, 1 refrigerante em lata “quente”, 2 barras de cereais, 1 biscoito recheado, 1 cat chup e 2 pães com DATA DE VALIDADE VENCIDA, sendo 1 com queijo e outro com salame. Contando parece até brincadeira, mas é a realidade, tem q ser um pão com cada iguaria e o refrigerante vem embalado no saco, do mesmo jeito que compramos no mercado, natural, quentinho. Agora imagine se esse pão vencido causa uma dor de barriga “no puliça”?

Nem sei quanto custou esse lanche, mas pela caixa que eles prepararam....pagaria muito somente pela caixinha que os lanches ficam, é bem desenhada, com um adesivo bem feliz do carnaval onde diz: CARNAVAL 2013! BOM APETITE!

É impressionante, mas como poderá ter um bom apetite com uma alimentação vencida e “pobre” desse jeito? Quem trabalha em empresa privada ou até uma Instituição pública respeitada deve ter uma seleção muito melhor na alimentação.

Diante do exposto, nos resumimos a imaginar o porquê de tanto desleixo com os praças da polícia militar no carnaval. Por que são tratados tão diferenciados dos demais funcionários do estado?

Quando o estatuto fala em zelar pelo bom conceito da Policia Militar, presume-se que mantenha a Instituição em um posicionamento digno entre os grandes Órgãos Estaduais, porém, da forma com que os administradores se portam diante das condições degradantes, é notável que não estão se importando o mínimo com as condições dos praças. Somente quer que seja executado o serviço para a sua futura promoção, independente das condições desumanas que seus subordinados estejam. É um pensamento ultrapassado e autoritário que não convém em nossa sociedade.

Dessa forma, não há respeito à dignidade do praça e consequentemente, não há que se falar em zelar pelo bom conceito da Polícia Militar, pois, uma Instituição que não respeita seus funcionários, não está se respeitando.

A Polícia precisa amadurecer e entender que o praça não está disputando uma guerra internacional, em país inimigo, onde fará e aceitará tudo para sobreviver, como um teste de resistência. Estamos diante de um país civilizado, democrático, com uma Constituição que tem como fundamento a dignidade da pessoa humana, independente de seu posicionamento profissional, pois antes de ser militar, o policial é humano e merece a dignidade que todos têm direito.

 

 

 

 

 

 

Fonte:

Estatuto da Policia Militar do Estado da Bahia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Reciprocidade